EU TENHO UM AMIGO CHAMADO DOMINGOS RODOVALHO DE ROSA LANDER, ELE É FANÁTICO PELO JAMES BOND , O 007.
ELE TENTA DE TODO JEITO SE PARECER O MAIS PERTO POSSÍVEL DE SEU ÍDOLO, USA AS ROUPAS QUE O PERSONAGEM USA, E TEM TODOS OS LIVROS E FILMES DO JAMES BOND.
SÓ PARA VOCÊS TEREM UMA IDEIA DA FASCINAÇÃO DELE PELO PERSONAGEM, QUANDO ALGUÉM , PERGUNTA O SEU NOME, ELE RESPONDE: LANDER,DOMINGOS LANDER.
UM DIA, EU MARQUEI DE O ENCONTRAR PARA IRMOS A UMA FESTA. PERTO DE MINHA CASA.
EU MORAVA LONGE DO TRABALHO DELE, POR ISSO ELE PRECISAVA PEGAR O TREM QUE O LEVARIA DO SEU TRABALHO ATÉ A MINHA MORADIA.
ENTÃO COMBINAMOS DE NOS ENCONTRAR-MOS NA SEXTA-FEIRA, DEPOIS DO TRABALHO EM MINHA CASA.
NA SEXTA ELE TINHA RECEBIDO, E PEGOU O TREM, QUANDO O TREM PAROU EM UMA DAS ESTAÇÕES , ELE RESOLVEU CHUPAR UM PICOLÉ E TIROU DO SEU BOLSO DA CAMISA O DINHEIRO QUE ELE TINHA NA CARTEIRA.
UM RAPAZ QUE ASSISTIA A TUDO CHEIO DE MÁS INTENÇÕES. SAIU EM DISPARADA E ROUBOU A CARTEIRA DELE, ELE SENTIU E SAIU CORRENDO ATRÁS DO RAPAZ.
MAS O RAPAZ DESCEU NA ESTAÇÃO, E QUANDO O LANDER TENTOU DESCER, A PORTA DO TREM FECHOU. E O TREM CONTINUOU A VIAGEM.
QUANDO ELE CHEGOU NA MINHA CASA, ELE ESTAVA DESOLADO, EU OUVI A HISTÓRIA COM PESAR E FALEI QUE ELE ESQUECESSE, QUE DEUS NÃO DEIXARIA NADA FALTAR, ELE ME FALOU ENTÃO: ---EU NÃO ESTOU TRISTE PELO DINHEIRO, ERA SÓ O DA SEMANA.
EU FALEI ENTÃO PORQUE ESTÁ CHATEADO?
ELE ME RESPONDEU QUASE CHORANDO: ---O JAMES BOND, NUNCA FOI FURTADO, ELE JÁ FOI ROUBADO COM UMA PISTOLA VOLTADA PRA ELE.
TIRAR A CARTEIRA DELE NA MÃO GRANDE,COMO ACONTECEU COMIGO.......
NUNCA.
EU ESTAVA SENTADO EM UMA PRAÇA, ERA POR VOLTA DE UMAS SETE HORAS DA NOITE, EU LIA O JORNAL DEBAIXO DE UM POSTE, E A NOTICIA DA PRIMEIRA PÁGINA ERA DE QUE HOUVERA UM ASSALTO EM UMA PRAÇA.
QUANDO NOTEI QUE SENTAVA AO MEU LADO UM RAPAZ MAL VESTIDO, LIMPANDO AS UNHAS SUJAS COM UM CANIVETE, EU QUE JÁ ESTAVA INFLUÊNCIADO PELA NOTICIA , QUE TINHA LIDO, SAI MEIO APRESSADO, QUANDO NOTEI QUE O RAPAZ ME SEGUIA.
EU APERTEI OS PASSOS E O RAPAZ TAMBÉM SE APRESSOU, EU COMECEI A CORRER E O RAPAZ TAMBÉM CORREU ATRÁZ DE MIM,,EU NERVOSO TENTEI ENCONTRAR UM LUGAR QUE EU PUDESSE ME ESCONDER , QUANDO NOTEI QUE JÁ SAIRA DO PARQUE, E JÁ ESTAVA EM UMA RUA DESERTA, TINHA UMA CASA COM UM PORTÃO DE FERRO LOGO EM FRENTE Á MIM.
IMEDIATAMENTE TENTEI ABRIR O PORTÃO QUE ESTAVA EMPERRADO, MAS CONSEGUI COM MUITO ESFORÇO, E ME ESCONDI ATRAS DE UNS ARBUSTO. O RAPAZ APARECEU E ME VIU , EU ESTREMECI, EU VI QUE SERIA ASSALTADO ERA INEVITÁVEL.
ELE FORÇOU O PORTÃO, E QUANDO VIU QUE NÃO CONSEGUIA ABRIR ELE ME JOGOU UMA CARTEIRA, QUE CONSTASTEI INCRÉDULO QUE ERA A MINHA QUE EU DEVERIA TER DEIXADO CAIR E LOGO APÓS ELE ME ATIROU UM CARTÃO QUE DIZIA MEU NOME É MARCOS SILVEIRA, SOU SURDO E MUDO.
Há um ditado antigo e sem imaginação
Que diz que todo mundo é substituível
Quem inventou essa frase não tem coração
e não sabe certamente o que é saudade indiscutivel
Quem conhece essa palavra sabe que é dificil
se substituir alguem que nos deixou
Seja por vontade própria
Ou porque Deus assim determinou
Todo ser humano tem sua qualidade
E mesmo que se substitua alguem de lugar
Inutilmente se muda a habilidade
Ninguem no mundo é igual ou tem par
Os seres humanos são inigualáveis
Deus não fêz igual nenhum ser
Podem ate ser gêmeos
e até fisicamente parecer
Mas cada pessoa
Tem sua caracteristica
Sua indentidade
E isso que nos faz sentir saudades
Por isso que a falta de alguém choramos
Por isso que se tem tanta dor da solidão
São pessoas que só nos resta a recordação
Prá ela jamais haverá substituicão nos nossos corações
Que substituira o Mané Garrincha ou ate mesmo o Pelé
Pode se colocar alguém parecido no lugar
Mas ninguem dará aquele mesmo dible
Aquele mesmo Olé
Se fosse assim não haveria tanta gente sofrendo a falta de alguém
Tanta gente chorando o desaparecer de um amor
Não haveria prantos nem dor
Não teria necessidade de chorar uma separação
Ninguem sentiria falta de sua mãe
Encotrariam alguem indentica
Que colocaria no lugar
E que te tratasse do mesmo jeito particular
essas pessoas que pessam em substituição
precisa de ter Deus no coração
E entender que as pessoas são necessarias
para que cada um tenha seu galardão
Se não houvesse tanto tipos de pessoas
Deus mandaria seu filho pra morrer por nos atoa
era só preciso colocar outro no lugar
e pronto estariamos numa boa
Pra essas pessoas que não sabem o que é amar
Peço a Deus que não o substitua de lugar
E que ele possa a vir ser importante
não só para mim, e principalmente para Deus
O ser mais insubstituivel e prepoderante.

Os DADOS DERAM DOIS PARES DE SEIS, e Pantaleão fez o lance decisivo. Nunca tinha perdido no gamão, por que que iria perder hoje? Ainda mais quando seu adversário era um incompetente, porque era contra Pedro Bó que Pantaleão jogava, com o tabuleiro escorado nos dois pares de joelhos, aproveitando a brisa que parecia nascer do riacho e
lavava o alpendre de um frescor maravilha.
Dona Terta, na cozinha, temperava o feijão-de-corda cujo cheiro tomava conta de tudo.
— Avia com esse feijão, Terta, que eu tou com a fome de cinco guarás.
Pedro Bó cresceu os olhos. Abriu os lábios num sorriso grande e feliz. Parecia menino que vai receber presente, quando fez o pedido.
— Seu Pantaleão, conte a estória do guará.
Pantaleão irritou-se. Quase tomou por deboche o pedido que o afilhado lhe fazia.
— Mas é cada uma! E onde já se viu, Pedro Bó, eu perder meu tempo contando estória pra ti?
— Mas a estória é tão mimosa. É uma lindeza, a estória do guará.
— Que é linda eu sei, mas quantas vezes tu já me viu contar essa estória?
— Só umas trinta — confessou Pedro Bó.
— E ainda quer ouvir de novo. Oh, Pedro Bó que eu não conheço nada que pareça com gente mais do que tu. Vai te assear que o jantar vai já pra mesa.
Pedro Bó ia obedecer, quando a voz da professora chegou ao alpendre.
— Pode-se entrar?
Foi Pedro Bó quem correu a recebê-la, numa efusão de causar estranheza. Nunca partira dele tamanha gentileza. Mas o motivo não era exatamente a presença de Dona Julinha, era a chegada de uma visita. Com visita presente, Seu Pantaleão não poderia fugir ao pedido do afilhado.
— Conte pra Dona Julinha, Seu Pantaleão, a estória do guará.
A professora estranhou. Ela nem sabia o que era guará.
— Guará — Pantaleão explicava — é um bicho maior do que um cachorro, mas porém mais pequeno do que um urso. Mas é mais feroz do que os dois juntos. Dona Julinha, um guará preto enfrenta cinco homem e nem é com ele. Tem o guará preto, como eu já disse, e tem o guará branco. Esse, então, é pior do que leão. É disso que Pedro Bó tá falando.
A professora já recebia a canjica que Dona Terta trazia, ainda quente. Interessante, a estória deveria ser. E o mistério dos guarás preto e branco fazia crescer a sua curiosidade.
— Conte, Seu Pantaleão. Eu quero ouvir essa estória do guará preto e do guará branco.
Ela pediu de um jeito tão manso, com uma voz tão morna, com um olhar tão dengoso, que Pantaleão não teve jeito de não contar.
— Pois bom!
Era um domingo de manhã. O sol se espichava todo o sertão, esquentando as gentes e os bichos. Era um sol antigo, que há muitos meses aparecia sem faltar um dia sequer. Mas aos domingos era bem recebido.
Pantaleão acordou de bom humor. Abriu a janela que dava para o nascente, respirou fundo, deu comida ao sabiá, limpou o chiqueiro, varreu o quintal. Apesar de farto, o sol não estava tão quente como sempre. Talvez porque fosse domingo. Isso tudo serviu para que Pantaleão tivesse a idéia:
— Vou caçar!
Dona Terta cuidou de botar no matulão duas rapaduras, meio quilo de farinha, um pedaço vistoso de carne-de-sol, o pão que sobrara do café da manhã. Dona Terta sabia que, quando Pantaleão Pereira Peixoto saía pra caçar, não tinha hora pra voltar. Mas de mãos abanando é que não chegava. Ela trouxe tudo, inclusive a espingarda.
— Essa, não, Terta. Quero a espingarda de dois canos, porque vou caçar guará.
Terta sabia da casa, da comida, do serzir de roupas. Terta conhece as manhas da Singer e do fogão. Mas de caçada quem sabe é o marido, que, inclusive, teve que explicar:
— Tem que ser espingarda de dois canos, minha velha, porque o guará preto só morre com dois tiros, guará branco morre com um tiro só, mas vamos que eu ache no caminho um guará preto, que só morre com dois tiros? Tenho de dar um tiro, pei! e, antes que ele escape, dar o outro, pei. Não dá tempo de carregar a espingarda.
Pantaleão foi no pasto, pegou o alazão, selou, despediu-se da mulher com um beijo de longe e ganhou o mato.
Passa hora que passa hora e nada de aparecer um guará para satisfazer o desejo do homem. Veados e pacas, coelhos e tatus cansaram de atravessar seu caminho, mas Pantaleão não saíra de casa pra fazer caçada besta. Ele queria um guará.
O sol começava a desaparecer. O escuro já se insinuava. E mais escuro ficava porque havia nuvens de chuva tomando conta do céu. Um raio cortou o espaço, anunciando o trovão que não se fez esperar. Pantaleão abrigou-se debaixo de um pé dejuazeiro.
— Aí, moça, começou. Era cada pingo que era isso.
— Pingo de chuva?
— Não, Pedro Bó. Era tua mãe que tava num galho do juazeiro. . . e. . . Terta!
Traga a palmatória que eu vou dar vinte bolos em Pedro Bó.
— Não me açoite, não, Seu Pantaleão — pediu Pedro Bó, com os olhos cheios de lágrimas e com as mãos já estendidas para o castigo prometido.
— Não lhe açoito por deferença à Dona Julinha. Mas de amanhã em diante vai ficar todo dia uma hora de cara para a parede, durante uma semana.
Dona Julinha esperava a hora do guará aparecer na estória. Afinal, não lhe havia sido prometido nada diferente. Da chuva ela já sabia, mas. . . e o guará?
— Eu chego lá.
O céu fazia chover naquela tarde o que devia há muitos meses. A água descia encachoeirada pela encosta do morro, as poças cresciam pelo caminho. E já era noite.
— Diabo! Saí pra caçar um guará e vou voltar seco. Será possível?
Pantaleão estava irritado pela derrota. Não era comum isso acontecer nas suas saídas para a caça. Não era dos caçadores que voltam sem coisa boa para a panela. Masdesta vez tudo indicava que. . .
— Espera!
Ele afiou o olhar, tentando afastar os pingos da chuva que formavam uma cortina à sua frente. Estava escuro, mas deu pra ver aquele bicho preto, correndo.
— Um guará preto. Deus me ajudou. Esse não me escapa. Cuidado, Pantaleão — disse para si — que o guará é preto, e guará preto só morre com dois tiros.
E não podia errar. Falhar significava a morte, porque o bicho atacaria.
Ele chegou a admitir que seria melhor que o guará fosse branco. Se o primeiro tiro falhasse, restaria o segundo, definitivo. A chuva caía pelos olhos, prejudicando a pontaria.
O guará o viu no momento em que ele dormia na pontaria.
— Pam!
O tiro perdeu-se na distância.
— Errei! Tô lascado.
Só restava um tiro, e o guará partia na sua direção, ameaçador, mortífero.
Pantaleão escondeu-se atrás do tronco de Juazeiro. A chuva era violenta. O guará, na corrida em que vinha, passou por ele. No momento em que o bicho passou, Pantaleão deu um pulo e gritou; "— Uhhh!
— Pra que esse grito, Seu Pantaleão? — perguntou a professora.
— Pra assustar o danado. O susto que ele tomou foi tão grande que ele ficou branquinho, Dona Julinha. Aí, quando ele ficou branco, eu pensei: "guará branco morre com um tiro só". Aí. . . pei. Bem na testa.
EXTRAÍDO DO LIVRO `É MENTIRA TERTA ` DE CHICO ANISIO
— ATÉ QUE ENFIM APARECEU! — gritou Pantaleão, feliz, ao perceber que o compadre Roberval despontava. O zaino riscou junto ao batente do alpendre, Roberval desmontou e entregou a rédea do animal a Pedro Bó, que o conduziu ao quintal, onde lhe daria água e descanso.
— É Deus quem lhe traz, meu compadre. Entre, se acomode, a casa é sua.
Dona Terta chegou com os braços afastados para o abraço no compadre.
Conversaram o inevitável trivial, perguntando e sabendo das coisas e das gentes. A melhora da comadre Inocência, esposa de Roberval, foi motivo de alegria para Dona Terta, que andava muito preocupada com o estado de saúde da amiga.
— Só não veio comigo porque a gente não queria deixar a casa só — explicou
Roberval. — Tem uma raposa que anda cercando o galinheiro, e Inocência tem muito jeito pra fazer armadilha de pegar raposa.
Pantaleão suspirou fundo, tirou os óculos, com o indicador dobrado coçou o lugar onde antes tivera um olho, recolocou os óculos. Terta percebeu.
— Meu velho se lembrou daquela raposa, não foi?
Era isso. A estória da raposa não podia ser esquecida numa hora em que o nome do animal fora falado.
— Conte esse causo, compadre — pediu Roberval, já bebendo a caneca, água fresquinha recém-tirada da quartinha.
Dona Terta tomou a frente.
— Agora, não. Deixe Pedro Bó voltar que se ele não escutar essa estória ele morre. Pedro Bó é doidinho por esse causo da raposa.
Não foi preciso esperar muito. Mais uns minutinhos e já vinha Pedro Bó
maquitolando, mordendo um pedaço de capim, enxugando a testa com a manga da camisa.
— O cavalo tá bebido e comido, Seu Roberval — anunciou ao entrar. — Oh, cavalo mais lindo. Botei ele na sombra. Ele tá que parece um bispo, de tão quietinho.
Dona Terta, então, pôde anunciar:
— Pedro Bó, vem pra cá que Pantaleão vai contar pro compadre Roberval a estória da raposa.
— Eita!
Pedro Bó deu um pulo de alegria. Os olhos se encheram de lágrimas.
— O senhor pra contar estava esperando por mim?
— Não, Pedro Bó. Tava esperando pelo Dr. Getúlio Vargas. Tá vendo, Terta? Foi pra escutar essa besteira que eu esperei. Pedro Bó, vá lá pra dentro e escreva cem vezes "preciso aprender a deixar de ser besta".
Dona Terta controlou o marido, evitou o castigo, consolou Pedro Bó, serviu um cafezinho e Pantaleão velho de guerra tomou a palavra.
— O causo se deu em Penedo, em 1927. Como voimicê sabe, compadre
Roberval, bicho que raposa aprecia é galinha. Bote uma paca, bote um jumento, bote uma capivara, a raposa se vê, nem faz conta. Mas por galinha o diacho da raposa é doidinha. É feito Terta por missa: não enjeita. Pois bom. Um dia, era já de meio-dia pra tarde, se não fosse duas horas, era por aí. Eu tava mastigando uma tora de rapadura, deitado em minha rede armada na varanda, quando comecei a escutar um barulho que vinha do terreiro. Era um tal de có-có-có, có-có-có.
— Era uma galinha?
— Não, Pedro Bó, era um jegue. Tinha acabado de botar um ovo e tava
festejando. Terta, traga aquela chibata que coronel Heliodoro me deu no dia dos meus anos.
Ora, que mania. Pedro Bó não tinha mesmo jeito. Só se alguém lhe passasse um esparadrapo na boca. Dona Terta, mulher santa, mais uma vez acomodou as coisas.
— Siga adiante, compadre — pediu Roberval, pernas cruzadas, mostrando ostensivo a espora de prata.
— Pois bom. Aquele cacarejo aperreado não parava. Era có-có-có e mais
có-có-có. . . e tome có-có-có. Eu "pensei comigo: "homem, as galinhas tão
afuleimadas". Saltei da rede e entrei em casa. Mal eu entrei, escutei o latido do lado de fora. Ora, mas será possível? Eu tou lá, tem coisa aqui, venho pra aqui, tem coisa lá?
Mas o latido de cachorro era diferente do latido normal, compadre. Era um latido triste, lamentoso, não sabe? Corri pra ver, era meu cachorro Rompe-Ferro. Sozinho. Eu me azucrinei: "Rompe-Ferro, cadê os teus irmão?" — o cachorro não respondeu, compadre, que cachorro não fala. Mas entende, que parece gente. Rompe-Ferro sacudiu o rabinho,
espiou triste, como quem diz "desapareceram". Não era um dia bom, compadre. Aqueles três cachorros — Rompe-Ferro Fura-Nuve e Corta-Vento — eram a alegria da minha vida, sem botar nisso Terta, que Terta é coisa de outro valor. Mas entre os cachorros e Pedro Bó eu nem sei quem preferia. Pulei o muro do alpendre, atravessei o terreiro da
frente, corri pro mato gritando: "Fura-Nuve! Corta-Vento!". Foi quando eu ouvi uma voz dentro do mato gritar: "Pantaleão, corre aqui!" Correndo como eu vinha, correndo eu segui no rumo do °grito. Era Inacinho, um menino que trabalhava comigo na ocasião.
O que foi, Inacinho? Espie aqui, Seu Pantaleão. Compadre, Inacinho tinha nas mãos as penas de quatro galinhas que a raposa tinha comido.
— Cruas?
— Não, Pedro Bó. Na cabidela. A raposa botou um avental, foi pra beira do fogão e preparou as galinha de cabidela pra tu comer mais tua mãe. Hoje você dorme no sereno, que é pra ver se pega um difluxo.
— Continue, compadre — pediu Roberval, menos interessado do que aparentava.
Ninguém lhe notara as esporas de prata.
— Pois bom!
A perda das galinhas irritou o homem. Tinham sido quatro e isto significava que a terça parte do galinheiro havia sido devorada pela raposa. Era preciso tomar uma providência e o homem capaz de uma atitude no caso era ele mesmo, Pantaleão Pereira Peixoto, criado, desde menino, de modo a nutrir um ódio enorme pela covardia daquele
bicho miserável que come o almoço dos domingos.
Inacinho afirmara que vira a raposa ganhar o mato na direção do engenho.
Pantaleão, com o ódio nas veias, pegou sua espingarda coió, chumbeiro de chumbo grosso, tabaqueiro de chifre de bode e saiu na cata da raposa.
Andou mais de duas léguas farejando o rastro. Nenhum perdigueiro tinha faro melhor. Ele sabia, numa simples olhada, o trilho da raposa. Na volta do bananal, avistou a loca de pedra. Ali acabava o rastro. Por onde sair, a raposa não tinha. Mas não era uma raposa que havia na loca, eram muitas. Sem que ele esperasse, as raposas começaram a sair.
— E sai uma e sai outra e sai outra. Compadre, era um tal de sair raposa que não tinha cristão que desse jeito. Quando chegou em oitenta, eu parei de contar porque já tava saindo era de três em três, de quatro em quatro. Eu nem imaginava que naquela loca coubesse tanta raposa. E sai mais uma e sai mais cinco, eu me embaralhei na conta.
Só sei, compadre, que uma delas me viu, avisou pras outras, quando eu dei fé, em vez de eu caçar as danada, elas é que iam me caçar. Pensei comigo: vou subir num pé de pau.
— Pra escapar delas?
— Não, Pedro Bó. Ia subir num pé de pau pra fazer um discurso: meus senhores, se vós conhece gente mais besta do que Pedro Bó, me amostreis. . . Hoje você dorme de botina, pra sonhar com o cão.
— Continue, homem de Deus — pediu o compadre. — Acabe essa estória
enquanto eu tiro minhas esporas de prata.
— Pois bom — seguiu Pantaleão, sem prestar atenção nas esporas já citadas.
—Eu botei reparo numa coisa: eu tava debaixo de um pé de imburana.
O galho mais baixo não estava a menos do que quinze metros. As raposas se formavam em grupos de cinco, de oito. Eram muitas. Não importava, agora, saber qual delas tinha comido as quatro galinhas. A vida de Pantaleão estava em perigo. Se as raposas se enfurecessem e resolvessem atacar, tudo podia acontecer. Ele mediu a altura do galho mais próximo e preparou o salto.
— Eu me encolhi, compadre, e me preparei mode pular pra cima. Pedi a proteção de São Francisco de Assis — santo de palavra, que nunca me deixou em necessidade —
e vupt, subi.
— Compadre, você estará querendo me dizer que num pulo subiu quinze metros e pegou o galho?
Pantaleão exasperou-se. Não gostava que duvidassem do que dizia e, muito menos, que o julgassem homem de menor competência. E o modo como o compadre falara, insinuava mais coisas.
— Não apreciei o jeito de você fazer essa pergunta, compadre Roberval. Estou lhe recebendo na minha casa com muito amor, pra você pagar essa gentileza com uma pergunta safada como essa.
— É que eu acho que quinze metros — desculpava-se o compadre — é muita altura. Você, num salto, subir quinze metros...
— Eu vou ser sincero, Roberval. Eu não peguei o galho no pulo que dei, não.
— Ah, bem.
— Quando eu pulei, eu passei pelo galho, mas na descida do pulo, caí escanchado nele, que foi uma beleza.
— Bem, a prosa está boa, mas as esporas de prata estão me apertando — disse o compadre, levantando-se e saindo à busca do seu zaino.
O que ouvira já era o bastante. E havia a raiva das esporas não terem sido
elogiadas. Nem notadas, sequer. Despediu-se com um aceno, já galopando pela estrada.
— Foi-se embora e nem ouviu a estória da raposa ... — lastimava-se Pantaleão.
— E me diga uma coisa, Terta: ele estava de espora?
EXTRAÍDO DO LIVRO `É MENTIRA TERTA `DE CHICO ANISIO
Olhe pra frente mas não se preocupe com os tropeços no caminho
Os espinhos é sinal que a rosas iram a sua vida perfumar
E se a sua vida não esta saindo do jeito que você pretendia
É sinal que há algo de bom que se pode melhorarSe os amigos lhe viraram as costas e a traição a porta lhe bateu
É sinal que você se basta porque mesmo assim voce caminhou
E se as portas se fecharam derrepente e lhe tiraram o que era teu
É sinal que voce pode fazer o próprio caminho que voce desejouSiga em frente e não se preocupe se em sua frente estiver a escuridão
Em todo caminho sempre há momentos que não exergamos nada
Mas siga a luz que erradia sempre brilhante no seu coração
É o sinal de Deus pra que voce encontre a sua própria estradaNa vida hã momentos de profunda frustração
Mas dentro de vocé sempre há um força coerente
Que te leva pra frente e que emana de dentro do seu coração
E que por menos que você tenha voce sempre sabe que pode ter mais
E aquilo que eu estou lhe dizendo que se chama ....
Sinais.